quarta-feira, 10 de março de 2010

Lamentável: GM e Urbes escoltam líder religioso


Lamentável, no mínimo, o fato apurado e noticiado pelo meu colega de trabalho, o repórter Leandro Nogueira. Gostaria muito da manifestação de vocês a respeito deste fato!

Veja a matéria:

Guardas municipais e agentes de trânsito de Sorocaba atuaram como batedores para a comitiva do líder da Igreja Mundial do Poder de Deus, Valdemiro Santiago Oliveira, 46 anos. Eles reforçaram a segurança e fecharam as ruas por onde a comitiva do religioso passou na tarde do último sábado, do aeroporto até o Parque das Águas, no Jardim Abaeté. Lá, milhares de fiéis da região aguardavam as apresentações musicais e o culto do apóstolo Valdemiro Santiago, que foram promovidas das 15h às 18h.

“Ao me aproximar da grade do aeroporto, vi que desciam algumas pessoas de um jato que acabara de pousar. (...) Quando vi esse forte esquema de segurança, sobretudo pelos guardas municipais, imaginei tratar-se de uma autoridade do poder público (...) gostaria de saber da Prefeitura o porquê dos guardas municipais, o custo desta operação logística e quem a pagará? Nós contribuintes?”, questiona o leitor do Cruzeiro do Sul, Rodrigo Passarelo Rodrigues, 24, empresário.

Segundo a Secretaria Municipal de Segurança Comunitária (Sesco) o acompanhamento e encaminhamento de Valdemiro Santiago, do aeroporto até o parque ocorreu para evitar aglomerações e tumultos que pudessem complicar o trânsito ou provocar transtornos por conta da aparição de pessoas que detêm grande notoriedade. A Secretaria deixou de divulgar custos, mas informou que a Prefeitura não cobra taxas para o emprego de guardas em atividades constitucionais. Segundo a Sesco, a corporação atuou preventivamente dentro da Constituição, não havendo qualquer prejuízo das atividades normais.

Na versão da Prefeitura, foram usados vinte guardas municipais sem que houvesse a necessidade do pagamento de horas extras. O comandante interino da GM que determinou a operação, Gilson Gonçalves Dias, disse que quatro guardas com motocicletas acompanharam o trajeto do aeroporto até o Jardim Abaeté. Não soube informar quantas viaturas e agentes da Urbes Trânsito e Transporte foram mobilizados. Já o leitor Rodrigo Rodrigues calcula que foram seis motos. A Sesco acrescentou que, no local do evento, houve a participação dos agentes da Urbes para interdição de vias e controle do trânsito, como ocorre em outros eventos naquele local, onde já chegaram a ser destinados até 60 guardas.

A solicitação do apoio da GM foi feita por um dos coordenadores do evento, ex-vereador sorocabano pelo PDT e pastor da Assembléia de Deus, Júlio César Ribeiro. “Estou colaborando com eles, embora seja pastor de outra Igreja, porque o meu filho alcançou a cura do câncer por meio da Igreja dele, e isso me fez ser grato”, declarou Júlio César. Declarou que a atuação da GM justifica-se porque reúnem-se multidões onde o líder religioso vai. “O mínimo que podíamos dar era segurança de onde chegou até o local do evento para que sentisse o carinho, a atenção (...) é uma autoridade eclesiástica e muito poderosa no Brasil e no mundo”, defendeu o ex-vereador.

Apóstolo já foi preso em Aparecidinha

O início da Igreja Mundial do Poder de Deus (IMPD) em Sorocaba aconteceu em 1998, por Valdemiro Santiago, a esposa bispa Franciléia e alguns devotos. Antes, ele era bispo da Igreja Universal do Reino de Deus. Também em Sorocaba, Valdemiro Santiago foi autuado em flagrante por porte ilegal de arma, no ano de 2003. Conforme matéria publicada na edição de 23 de abril de 2003 do jornal Cruzeiro do Sul, sem direito à fiança, acabou recolhido ao Centro de Detenção Provisória (CDP), no bairro Aparecidinha.

Durante uma blitz da Polícia Militar, em abril daquele ano, foi flagrado com três carabinas de calibres 12, 22 e 36, além de cartuchos de calibre 12, 22 e 24 e um motor de barco, no interior do carro que dirigia. Na casa onde morava, na avenida Itavuvu, a polícia encontrou mais duas carabinas de calibre 12 e 36, e mais munição, somando 148 cartuchos entre intactos e deflagrados. Santiago sustentou que usava as armas para a caça e transportava parte delas para uma fazenda de um amigo. A reportagem não conseguiu localizar o apóstolo Valdemiro Santiago na noite de ontem.

Consta no site da IMPD que a Igreja expandiu não apenas pelo rádio e TV, também pela internet, revistas, jornais e grupos de obreiros que se disponibilizam em ajudar entidades carentes divulgando o evangelho de Jesus Cristo. De acordo com o site, a sede está no bairro Brás, em São Paulo e possui mais de 1.400 igrejas, tanto no Brasil quanto exterior. Trechos do evento promovido no último sábado em Sorocaba podem ser conferidos pela internet, no portal YouTube.

3 comentários:

  1. Verdade seja dita: não faltam críticas aos diversos "tipos de trabalhos" que o poder público impõe aos GMs sorocabanos.

    E foi disso que se tratou: a GM sendo mobilizada para um trabalho que não lhe cabe, coberto por uma manto falso de "ação preventiva". Estivéssemos em um local onde houvessem atentados a líderes religiosos, o que nem de longe é o caso, poderíamos engolir essa. Mas pelo "arsenal armamentista" do qual o apóstolo já dispõs um dia, nossa preocupação seria justamente no sentido contrário - o de sofrer um atentado por parte do religioso.

    Agora, convenhamos, o texto da reportagem afirma que "é uma autoridade eclesiástica muito poderosa no Brasil e no mundo" - palavras de um ex-vereador que, como tal, conhece as atribuições do poder público. Como pode vir o Prefeito às rádios e afirmar, com cara deslavada, que não sabia ou autorizou tal fato (o trabalhinho imposto aos GMs)? Se o sujeito é reconhecido como "autoridade eclesiástica muito poderosa", que raios faz o Prefeito, que certamente sabia da vinda dele para Sorocaba, com essa informação - diante da preocupação que a Sesco demonstrou com a segurança dele? Inconcebível aceitar a informação de que desconhecia o fato. Sabia, foi informado sim. É o mínimo que a Sesco faria pela demonstração de preocupação que deu.

    E se não foi informado, e o apóstolo correria tanto risco (a ponto de mobilizar tantos GMs) assim como os munícipes - vai saber? - o que ainda faz o Secretário dessa pasta no cargo?

    Por essas duas perspectivas, fica claro que Lippi ou sabia do esquema, ou, desconhecendo-o, se mantém negligente no comando do primeiro escalão.

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  2. Em relação e esse fato desagradável... é melhor nem comentar...

    Apenas... parabéns pela reportagem...

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  3. Essa matéria deu o que falar... ainda mais os comentários infames que colocaram no site do jornal cruzeiro

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